Resenha Festival Punk Bebedouro II
Ae galera, uma nova resenha aí, sobre o segundo Festival Punk de Bebedouro-SP.
Essa
vai regada de revolta mas também de esperança, porque apesar de tudo
aquilo que aparece pra nos derrubar, se continuamos na luta é porque
acreditamos que vamos vencer... e vamos!
Primeiramente: O Buzon (Resto de
Ontem) e toda a organização fizeram um corre do caralho, descolaram uma
aparelhagem responsa, gravaram direto da mesinha de som todas as
bandas (então acho que logo logo tá saindo uma coletânea do fest) e
ainda gravaram em video também.
Parabenzasso
pela realização desse evento foda, e que podia ter sido muito melhor
se mais gente tivesse esse tipo de comprometimento.
Bom, eu na real saí 6h da manhã de
casa pra me jogar pra esse fest, e só fui chegar lá umas 13h (horário
previsto pra começar), pra variar no horário só tava os organizadores,
eu fui o primeiro a chegar no pico e já montei a banquinha humilde da
BxDxFx.
Logo chegou o Et e o Paulão (ambos do Rotten Ass, Paulão é o cara do blog
Ferro e Fogo) e colocaram essa banquinha linda, eu mesmo gastei toda a grana que tinha pro goró aí hehehe.
Tinha um The Jam ali baratinho baratinho, até pensei em comprar só pra revender hahaha
A primeira banda a tocar foi o
FARPA
(Bebedouro), nessa hora tinha meia duzia de gente só lá. Quando
começaram a intro do primeiro som com guitas independentes e tudo mais
eu pensei "pô, os moleques compoem bem", mas depois eles falaram que
eram cover. A banda só tocou cover, Dead Fish, Noção de Nada e uns
outros que não identifiquei, mas tudo nessa levada do melódico pro
experimental.
Na sequência foi o
MUTUCAS
(Bebedouro também), foram pra cobrir as bandas que faltaram. O som era
autoral, o que é muito bom, e tinha influência nitida de Raimundos e
Carnal Desire (se eles não conhecem a banda deveriam procurar conhecer).
Ai veio o
CABORJA
(Barretos-SP), caralho! Como eu queria que eles tivessem colado na
última gig da região, eu tava bodiado demais nessa, talvez pela ausência
do meu habitual corotinho, ou talvez pela falta de sono... enfim. Que
foda! Pra tentar descrever essa banda: consegue imaginar Dead Kennedys
fazendo um jam no Revolution Summer? Não, não tô descrevendo Fugazi
não, Caborja é paulera pura mas com viradas e partes faladas e
narrativas quase que proféticas e emocionantes, o vocal tem muita
presença e passa muita emoção nas letras, um puta show mesmo! Banda que
merecia muito mais reconhecimento e destaque... Ae pessoal das
Verduradas, dêem uma chance pra eles, não vão se arrepender!
E depois o
NEKROTÉRIO
(Uberaba-MG) mandando um horror punk bem violento. Sonzasso, nome que
merece destaque na cena horror nacional. Fizeram até um troca-troca com
o Pesadelo Brasileiro, chamaram o Pinga pra cantar um som e depois
foram cantar um com ele hehehe
Curti bastante Psycho Girl e Just Bleed In My Body.
E foi a vez do
RADIAÇÃO X (Barretos). Puta que pariu também! Barretos tá bem na fita!
Eu
já tinha ouvido superficialmente umas mp3 deles mas nem tinha dado
muito bola, agora ao vivo os caras passam uma energia animal, skate punk
hardcore no seu melhor, rápido e crítico. O som deles viaja entre o
melódico e o old school e é uma porrada só!
Apesar de eu ser um materialista assumido, não troco ouvir uma banda ao vivo por um disco dela nem fodendo.
Então começou o horror,
PESADELO BRASILEIRO (Catanduva-SP).
Não tenho muito o que falar além do que já falei deles na última
resenha. Sempre foda o som, e pra fechar a música omonima que é um dos
melhores hinos de horror punk que já ouvi.
Ai entrou o
SMONERS
(Paulínia-SP), com um som punk bem cru. Destaque pro som Paulínia
Poluída, falando sobre a destruição que a indústria petro-quimica levou
pra cidade.
Eu fiquei meio de
birra depois de uma parada que os caras falaram e fui sentar, mas
pensando bem foi vacilo meu, os caras vieram de maior longe e marcaram
presença e tem um som muito bom.
Pra fechar o
RESTO DE ONTEM
(Bebedouro) que também agitou legal o que sobrou da galera. Essa é
mais uma banda que a gravação não faz juz a energia que passam ao vivo,
eu curto vários sons deles mas a que eu mais viajei mesmo nessa noite
foi Nos Braços de Um Anjo.
Agora a crítica séria:
Infelizmente é uma minoria que tem
compromisso com a parada, muito PANQUE por aí agita que vai fazer isso e
vai fazer aquilo, fica falando de anarquia e revolução e deixa todas
essas palavras jogadas ao vento. O evento foi meio miado de gente, isso
é triste mas não é o real problema, a falta de comprometimento não é
uma atitude isolada, acaba sendo uma postura que o cara leva pra vida.
No fest faltaram SEIS bandas, não vou citar nomes aqui, algumas tiveram
seus motivos, mas outras foi por puro amadorismo que não foram,
tiveram quase 3 meses pra se preparar e só um dia antes resolveram ir
ver se tinha ônibus, quanto era, e coisa assim, ou então nem viram o
dia certo que ia ser o fest.
Claro
que nenhuma banda fez isso de propósito, mas essa falta de atenção é
foda, a infra estrutura ali montada foi do caralho, fora a gravação do
som que ficou perfeita ainda gravou em video, o Buzon descolou marmita
pra todo mundo, foi atrás de alugar cadeiras, mesas... isso aí é uma
puta falta de respeito com o corre do cara.
Agora
isso eu não posso falar dessas bandas porque não conheço os caras (e
não tô colocando todas as bandas que faltaram no mesmo barco, como eu
disse, umas tiveram seus motivos de força maior), mas outros PANQUES da
região também agitaram que iam e nem deram as caras pra prestigiar o
trampo, e esses mesmos muitas vezes enchem a boca pra criticar bandas
como as duas que abriram o evento chamando os caras de emo, modinha,
vendido, e coisa assim só por terem um som mais melódico, ou então
bandas de horror de alienadas por não abordarem temas políticos, mas
todos esses aí tavam lá marcando presença e dando um baile de atitude em
panquekinha fantasiado... e depois ainda querem reclamar que nunca
rola som...
Mas nem de longe tudo é trevas!
Não mesmo!
Captei algumas cenas lindas fest, curtam aí:
E depois do fest eu e o Cau (é,
aquele que organizou o fest de José Bonifácio) descolamos uma carona
até a rodoviária e dormimos atrás de uma mureta de um barzinho
esperando o dia amanhecer pra iniciar a jornada de volta. Depois disso
já não tem nada que interessa.
Apesar
dos pesares, o fest foi muito bom, conseguiu arrecadar o leite para
doação, varias pessoas ali nos microfones passaram mensagens muito boas,
não rolou nenhuma depredação do espaço, e vendo esses trechinhos
gravados fica aí a esperança de construirmos uma cena mais forte, unida e
principalmente mais CONSCIENTE, porque nem só de bandas caminha o
movimento, ação direta é preciso também!
obs: ainda cheguei felizão em casa,
finalmente terminei essa porra de resenha, agora vou pro meu quarto
curtir meus espólios de guerra!
YEAH BABY!!!