Oito anos de estrada, shows e prêmios
renderam muito para os sergipanos da The Baggios, ao menos no quesito
aprendizagem. Não fosse esse tempo sendo banda independente no meio
Norte-Nordeste, talvez eles ainda não estivessem prontos para lançar
sequer um álbum completo. O tempo acabou agindo a favor da banda, que
após lançarem um dos melhores discos de 2011 (homônimo, Vigilante),
ganhou reconhecimento nacional e internacional, aparecendo até no inglês
The Guardian.
Mas um disco de inéditas, e incrivelmente
bem traçadas (com uma faixa levando à outra naturalmente), não faria
com que a criatividade e vontade de continuar fazendo música dos
sergipanos fosse dissipada. Por isso que os Baggios lançam o EP “Acústico Aperipê“,
uma reunião de regravações acústicas de músicas que a banda compôs lá
em 2004, 2005, com mais dois ou três bônus: canções inéditas e uma
bonita homenagem ao homem que inspirou o nome da banda.
Com este novo EP, a The Baggios comprova
que o estilo musical norteador da banda, desde o princípio (e que deve
perdurar ao longo dos anos), são os astros e estrelas do rock’n'roll
anos 60 & 70. Portanto, Rolling Stones, Led Zeppelin e uma pitada de
Raul Seixas continuam tomando partido fundamental na sonoridade da
banda até mesmo num EP que, seguindo à regra do nome, apresentaria
apenas voz, violão e alguns tecladinhos.
Não é rock’n'roll pesado, feito para
virar o copo de whiskey e quebrar a guitarra no palco. Mas os bons riffs
de guitarras, que muitas vezes lembram grandes canções de blues, não
ficam de fora do compacto. Ainda há aquela atmosfera de “bar escuro e
esfumaçado” semelhante à criada pelo álbum completo lançado em 2011. Mas
a ideia neste EP parece ser a de um blues mais tristonho, melancólico,
mas ainda cheio de energia.
O que quebra esta ideia de mais blues e
menos rock’n'roll cru são as letras. É aqui que entra a bonita
homenagem: The Baggios não fala só sobre o José Sinval, músico andarilho
que inspirou o nome da banda. Na verdade, eles parecem fazer um tributo à sua terra natal,
Sergipe, recitando versos que descrevem claramente a vida e os costumes
do lugar. Este regionalismo, jamais tratado de forma pejorativa, aparece
em todo o disco, desde as faixas “Pisa Macio“, “Meu Barato” e “Pegando um Punga” (canções que melhor ilustram a ideia), até projeto gráfico e o título do compacto: “Acústico Aperipê”.
Os músicos usam de vários nomes que, no
geral, caracterizam a região deles. Ao final, a sensação é de que esta é
uma banda que carrega uma filosofia junkie, um identidade roqueira, mas
que não perde o orgulho que tem da própria terra.
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